quinta-feira, 9 de outubro de 2008

"minha vida passando..."

Tudo aconteceu tão depressa! Demorei certo tempo pra me recuperar do choque.
Aos poucos compreendi que havia trombado com algo bem maior que eu. Depois do susto percebi que tinha acabado de me estatelar com uma árvore!
Então comecei a olhar ao redor pra saber afinal pra onde é que tinha ido parar.
Reparei que bem lá na frente, em cima de um morro havia uma casa. A janela estava aberta e avistei uma pessoa lá dentro. Era uma mulher que se mexia bem pouco.
Tentei me aproximar da casa, havia algo ali que me parecia familiar, mas não conseguia me mover até lá. Um campo de energia, uma "força estranha..." que impedia de me aproximar.
Então fiquei parada por um tempo só observando a cena. Consegui ouvir um som, acho que um rádio que tava um pouco fora de sintonia.
Olhei bem fundo nos olhos daquela mulher e me surpreendi porque ela tinha o rosto da minha mãe! Em questão de segundos sua feição havia se alterado, seu rosto derretido e então o meu rosto estava lá! Mas como? Será?
Mais uma vez a imagem do rosto dela se desfez ali, bem diante dos meus olhos.
Ela estava só e quando se mexeu consegui observar que passava roupa. Havia uma pilha de roupas bem coloridas na tábua – que se destacava do resto da casa, mais escura e monocromática.
Tinha uma luzinha pendurada em cima da cabeça dela. Tive a impressão de ela estar lá sozinha por bastante tempo... e lá estava ela – o clima era de suspensão . E lá estava eu – era como se tivesse entrado num outro tempo, outra atmosfera, mais densa... às vezes meus ouvidos tapavam e aquela mulher que parecia ter perdido toda ação nervosa...e lá estava eu... era tudo sileeêncio, vaaasto, enooorme, infinito.
Mal conseguia me mover, via tudo do outro lado – ainda abraçada à árvore percebi que atrás de mim tudo parecia inalterado: a cidade, os carros, as pessoas..., tudo estava como antes... como se aquela cena - a árvore, a casa, aquela mulher, a luz, a fumaça, o instante... tivesse acontecido pra mim, só pra mim...foi quando fechei os olhos, respirei bem fundo e me soltei da árvore...

Marina Massoli
Agosto 2008

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